Pular para o conteúdo principal

História - A MAIS DOCE CANÇÃO

Era uma vez uma garotinha que estava colhendo flores do lado de fora da cerca.
Sua mãe já havia lhe dito para não fazer isso. Seu pai já havia lhe dito para não fazer isso.
Mas naquele dia, ninguém estava olhando e ela viu uma flor amarela balançando com a brisa logo ali, bem pertinho do portão.
E a garotinha pensou:
- Não há problema se eu abrir o portão apenas para pegar esta florzinha amarela!
Abriu o portão e apanhou a linda flor.
Assim que pegou a flor amarela viu, logo ali, a apenas alguns passos de distância, uma brilhante flor vermelha, e pensou:
- Não há problema se eu for até ali só para apanhar aquela flor vermelha.
Logo depois de apanhar a florzinha vermelha, avistou uma flor azul, muito rara, e pensou:
- Ah, não há problema se eu for até ali só para apanhar esta flor azul.
E assim a garotinha foi se afastando do portão de sua casa e colheu uma flor rosa, outra lilás, ainda uma branca...
Num instante estava com um buque colorido e cintilante em suas mãos. Ficou tão feliz, que começou a cantar uma canção suave que dizia:
- Tray-bla, tray-bla, cum qua, Kimo.
 
De repente, percebeu uma enorme sombra ao seu lado. Olhou para trás e deu de cara com um lobo enorme, cinza, de olhos alaranjados!
O lobo abriu a boca...
E falou:
- Cante de novo esta doce canção?
A garotinha então começou a cantar de novo:
 
- Tray-bla, tray-bla, cum qua, Kimo.
 
E enquanto ela cantava, o lobo fechava os olhos e sorria.
E enquanto ela cantava, andava na ponta dos pés de costas voltando em direção ao portão.
Quando acabou a canção, o lobo abriu os olhos e deu um salto em sua direção.
- Você andou?, - desconfiou o lobo.
- Eu? Não, imagine? Por que eu andaria? - respondeu a garotinha.
- É, está certo - falou o lobo. - Cante novamente aquela doce canção?
E a garotinha cantou:
 
- Tray-bla, tray-bla, cum qua, Kimo.
 
E enquanto ela cantava, o lobo fechava os olhos e sorria.
E enquanto ela cantava, andava na ponta dos pés de costas voltando em direção ao portão.
Quando acabou a canção, o lobo abriu os olhos e deu um salto em sua direção.
- Você andou?, - perguntou de novo o lobo.
- Eu? Não, imagine? Por que eu andaria? - respondeu de novo a garotinha.
- É, está certo - falou o lobo. - Cante novamente aquela doce canção?
 
E a garotinha cantou mais uma vez.
 
E enquanto ela cantava, o lobo fechava os olhos e sorria.
E enquanto ela cantava, andava na ponta dos pés de costas voltando em direção ao portão.
E quando acabou a canção, o lobo abriu os olhos e deu um salto em sua direção.
Mas neste exato instante, o portão fez  click, e fechou!
A garotinha já estava docemente segura dentro de sua casa com suas coloridas flores no colo.
Dizem que o lobo está do lado de fora do portão até hoje.
Não se sabe se esperando a garotinha sair novamente para devorá-la ou se porque se apaixonou pela doce canção que ela entoa todas as manhãs.
 
- Tray-bla, tray-bla, cum qua, Kimo.
 
 
 
Esta história foi baseada  num conto afro-americano adaptado por Hugh Lupton no livro A Árvore de Histórias, livro este que recomendo por conter várias outras histórias deliciosas para contar e ler para as crianças. Tem conto indiano, alemão, judaico...
O desafio aqui para o contador é fazer uma música. Sim porque no texto escrito não tem o som nem o ritmo. Tente "musicar" junto com as crianças. Pergunte a elas como poderia ser uma canção doce que fizesse o lobo sorrir, usando aquelas palavras. Boa diversão!
 
 
 



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

História - DONA BARATINHA

Era uma vez uma baratinha que estava varrendo a casa e encontrou uma moeda. Achou que estava rica e já podia se casar. Arrumou-se toda, colocou uma fita no cabelo e foi para a janela. A quem pass ava ela perguntava: - Quem quer casar com a Dona Baratinha que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha? O primeiro bicho que passou foi o boi, que respondeu: - EU QUERO! Dona Baratinha perguntou: - E como é que você faz de noite? O boi respondeu: - MUUUUUUUU! Ela disse: - Ai não, muito barulho, assim eu não durmo, pode ir embora. E o boi foi embora. Em seguida veio passando o cavalo e Dona Baratinha perguntou: - Quem quer casar com Dona Baratinha que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha? O cavalo respondeu: - EU QUERO! Dona Baratinha perguntou: - E como é que você faz de noite? O cavalo respondeu: - IIIIIIIRRRRRIIIIII! Ela disse: - Ai não, muito barulho, assim eu não durmo, pode ir embora. E o cavalo foi embora. Foi passando então o carneiro e Dona Baratinha

Dançando com o morto

Era uma vez uma mulher que tinha ficado viúva há alguns meses. E tinha achado até bom, porque já não estava lá muito contente com aquele marido. Um dia, arrumando a casa, ela encontrou um montão de notas de dinheiro que o falecido havia escondido debaixo do colchão em segredo. - Ah, desgraçaaado! Cheio do dinheiro e nós nessa pindaíba! Depois da raiva, ficou foi feliz da vida. Levou todo o dinheiro para a mesa da cozinha , chamou o filho e os dois começaram a contar juntos as notas quando, de repente, adivinhe só quem apareceu? O falecido em pessoa! Sim, ele mesmo, o marido, morto. E veio sentar-se à mesa com eles. Mas... a mulher ... não se intimidou não: - O que é que você está fazendo aqui, seu miserável?! Me dá paz! Você está morto! Trate de volta logo para debaixo da terra. - Nem pensar - disse o morto. - Estou me sentindo vivinho. A mulher mandou o filho buscar um espelho . Entregou ao morto para que ele visse a sua cara de cadáver. - É... Estou abatido. Deve se

História - RAPUNZEL- Irmãos Grimm

Era uma vez um casal que desejava muito ter um filho. O tempo passava e mesmo após anos estando juntos a mulher não engravidava. Até que um dia ela ficou muito feliz ao notar que estava tendo estranhos e diferentes desejos. Finalmente estava esperando um bebê! O marido passou a receber pedidos no meio da madrugada e sempre os atendia, até o dia em que a mulher pediu para comer rapunzel. Naquele lugar onde moravam, as pessoas plantavam hortas em casa e havia uma verdura difícil de ser cultivada, chamada rapunzel. A única horta onde era possível encontrar rapunzel era na casa de uma vizinha do casal, uma mulher muito mau encarada, misteriosa, que só saia de noite. Todos diziam que ela era uma bruxa. A mulher viu a horta da bruxa pela sua pequena janela e desde então só pensava em comer rapunzel. Quando o marido ouviu o pedido da esposa, respondeu que seria melhor ela ter outro desejo, porque este ele não podia atender. Pedir a verdura para aquela bruxa era muito perigoso.

A Festa no céu

Num tempo em que os animais falavam, correu uma notícia entre os bichos de que ia acontecer uma Festa no Céu! Toda a bicharada ficou animada! Festa!? Oba! Que beleza! E no céu ainda! Ah! Todos queriam ir é claro! Mas, no meio daquele falatório todo, apareceu um beija-flor com uma novidade: - Só poderia ir na festa, bicho que soubesse voar! - O quê? - falou o macaco - Como assim? - resmungou a raposa E todos os que não sabiam voar ficaram muito zangados e chateados... Menos o sapo. É que o sapo já tinha tido uma bela idéia para conseguir chegar à festa: O urubu era o músico do pedaço. Não sabia cantar mas tocava uma viola como ninguém! Pois bem, no dia da festa, o sapo, aproveitando um momento de distração do urubu, entrou pelo buraco e se escondeu dentro da sua viola. O urubu passou a mão na viola e foi voando pra tão esperada noite! Chegando lá, colocou a viola num canto e foi cumprimentar os amigos, tomar uma bebida antes de começar a tocar. Nesta ho

História - O URUBU E A RAPOSA

O Urubu estava no ar, peneirando, e avistou uma carniça de boi. Imediatamente, desceu e começou a saborear aquele petisco delicioso. No mesmo instante, desabou uma pesada chuva que deixou o urubu todo ensopado, e com as asas encharcadas, não podia mais voar. A raposa, que estava por ali à espreita, aproximou-se dele dizendo: - Amigo urubu, vou lhe comer! Vendo-se perdido, o urubu tinha de ser mais esperto que a raposa. Então, fez a seguinte proposta: - Amiga raposa, você não sabe que urubu molhado faz mal? Você tem que me soprar até me deixar sequinho; só então poderá me comer. A raposa acreditou! E começou a soprar as penas do urubu; e soprou e soprou por mais de uma hora. Quando parava para recuperar o fôlego, perguntava: - Já está seco, compadre urubu? - Ainda não, amiga raposa. Sopre mais um pouco. A raposa recomeçou a soprar, sempre repetindo a mesma pergunta e ouvindo a mesma resposta. Quando o urubu pressentiu que poderia escapar, correu começou a bate