Pular para o conteúdo principal

História - DONA BARATINHA

Era uma vez uma baratinha que estava varrendo a casa e encontrou uma moeda. Achou que estava rica e já podia se casar.
Arrumou-se toda, colocou uma fita no cabelo e foi para a janela.
A quem passava ela perguntava:
- Quem quer casar com a Dona Baratinha que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?
O primeiro bicho que passou foi o boi, que respondeu:
- EU QUERO!
Dona Baratinha perguntou:
- E como é que você faz de noite?
O boi respondeu:
- MUUUUUUUU!
Ela disse:
- Ai não, muito barulho, assim eu não durmo, pode ir embora.
E o boi foi embora.
Em seguida veio passando o cavalo e Dona Baratinha perguntou:
- Quem quer casar com Dona Baratinha que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?
O cavalo respondeu:
- EU QUERO!
Dona Baratinha perguntou:
- E como é que você faz de noite?
O cavalo respondeu:
- IIIIIIIRRRRRIIIIII!
Ela disse:
- Ai não, muito barulho, assim eu não durmo, pode ir embora.
E o cavalo foi embora.
Foi passando então o carneiro e Dona Baratinha perguntou:
- Quem quer casar com Dona Baratinha que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?
O carneiro respondeu:
- EU QUERO!
Dona Baratinha perguntou:
- E como é que você faz de noite?
O carneiro respondeu:
- BÉÉÉÉÉÉÉ!
Ela disse:
- Ai não, muito barulho, assim eu não durmo, pode ir embora.
E o carneiro foi.
Dona Baratinha já estava ficando desanimada quando foi passando o rato.
- Quem quer casar com Dona Baratinha que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?
O rato respondeu:
- EU QUERO!
- E como é que você faz de noite?
E o rato fez, bem baixinho:
- CUIM, CUIM , CUIM.
Ela quase não ouviu, e disse:
- Ah, agora sim, eu me caso com você!
E começaram os preparativos para a festa.
No dia do casamento o rato foi até a cozinha para cheirar de perto as comidas.
Estava sendo preparada uma sopa deliciosa para ser servida aos convidados.
O rato, atraído pelo cheiro, quis ver a sopa mais de perto e subiu até a alça do caldeirão e, acredite: CAIU DENTRO DA PANELA!
As cozinheiras ficaram apavoradas.
Lá na igreja, Dona Baratinha, toda enfeitada com seu vestido de noiva, esperava, esperava... E nada do noivo.
Até que ela ficou muito brava e falou:
- Quem esse rato pensa que é para me deixar esperando assim?
Nesta hora, vinham chegando as cozinheiras da festa e deram a triste noticia à noiva.
No começo ela chorou, mas depois pensou:
- Até que tive sorte! Pelo menos não me casei com um noivo que gostava mais de sopa do que de mim! Melhor eu ficar sozinha e gastar meu dinheirinho para me divertir!
E foi assim.


Este conto popular eu ouvia quando criança, mas já havia me esquecido dele. Só quando encontrei um livro com a história é que fui relembrá-lo. É fácil e delicioso de contar porque dá para colocar outros bichos na história: o galo, o papagaio, o cachorro e o que vier na imaginação. Divirta-se imitando as vozes e os sons dos bichos com as crianças. Ana Maria Machado reconta Dona Baratinha com ilustrações de Maria Eugênia num livro editado pela FTD (2004).

Comentários

  1. Acho que essa é a versão mais feminista da Dona Baratinha que eu já vi... Muito bem-resolvida ela, né? Adorei ;)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Verdade! Quantas coisas existem em uma história! Cada pessoa enxerga com mais ênfase um determinado aspecto. Grande riqueza! Obrigada pelo comentário Érika!

      Excluir
  2. Incrivel como uma pessoa tão criativa nos inspira à criatividade! Viva o pensar, o criar e principalmente o recriar reinventando kkk. Abraços. Monica

    ResponderExcluir
  3. Ai, quando eu era menina a historia era que Dom Ratao caiu na panela do feijao. Vi até peças de téâtre com essa historia.

    ResponderExcluir
  4. Eu amei esta versão da história com uma dona baratinha mais sábia e portanto,repaginada.
    Parabéns!

    ResponderExcluir
  5. Fiz uma peça de teatro na escola
    Eu era dona baratinha kkk.muito bom. Tempo ótimo que vivi

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Agradecemos seu comentário. Após moderação será publicado.

Postagens mais visitadas deste blog

Um presente para o rei

Era uma vez, um rei muito temperamental e insatisfeito. Possuía muitas riquezas e tinha como rainha uma bela esposa que o amava de verdade. Mas, mesmo nos dias mais ensolarados e belos, ele se quedava triste ou aborrecido. Irritava-se por pouco, até mesmo com o grito de uma ave ou uma nuvem mais escura no céu. Os mais belos presentes, de todas as partes do mundo eram trazidos a ele, mas nenhum deles o alegrava. Artistas de todas as artes como mímicos, palhaços, dançarinos e poetas eram convidados para entretê-lo, mas nada o satisfazia. Ninguém no reino sabia o que fazer para agrada-lo. Era muito raro, mas acontecia: algumas manhãs ele acordava se sentindo bem, disposto e alegre, mas logo este estado de ânimo desaparecia, e o rei voltava a cair na mais profunda melancolia. Assim, o que mais ele desejava era algo que o fizesse feliz ou em paz para sempre. Como fixar aqueles poucos momentos de felicidade que às vezes sentia, de modo que nunca passassem? O rei então jun

História - O URUBU E A RAPOSA

O Urubu estava no ar, peneirando, e avistou uma carniça de boi. Imediatamente, desceu e começou a saborear aquele petisco delicioso. No mesmo instante, desabou uma pesada chuva que deixou o urubu todo ensopado, e com as asas encharcadas, não podia mais voar. A raposa, que estava por ali à espreita, aproximou-se dele dizendo: - Amigo urubu, vou lhe comer! Vendo-se perdido, o urubu tinha de ser mais esperto que a raposa. Então, fez a seguinte proposta: - Amiga raposa, você não sabe que urubu molhado faz mal? Você tem que me soprar até me deixar sequinho; só então poderá me comer. A raposa acreditou! E começou a soprar as penas do urubu; e soprou e soprou por mais de uma hora. Quando parava para recuperar o fôlego, perguntava: - Já está seco, compadre urubu? - Ainda não, amiga raposa. Sopre mais um pouco. A raposa recomeçou a soprar, sempre repetindo a mesma pergunta e ouvindo a mesma resposta. Quando o urubu pressentiu que poderia escapar, correu começou a bate

Dançando com o morto

Era uma vez uma mulher que tinha ficado viúva há alguns meses. E tinha achado até bom, porque já não estava lá muito contente com aquele marido. Um dia, arrumando a casa, ela encontrou um montão de notas de dinheiro que o falecido havia escondido debaixo do colchão em segredo. - Ah, desgraçaaado! Cheio do dinheiro e nós nessa pindaíba! Depois da raiva, ficou foi feliz da vida. Levou todo o dinheiro para a mesa da cozinha , chamou o filho e os dois começaram a contar juntos as notas quando, de repente, adivinhe só quem apareceu? O falecido em pessoa! Sim, ele mesmo, o marido, morto. E veio sentar-se à mesa com eles. Mas... a mulher ... não se intimidou não: - O que é que você está fazendo aqui, seu miserável?! Me dá paz! Você está morto! Trate de volta logo para debaixo da terra. - Nem pensar - disse o morto. - Estou me sentindo vivinho. A mulher mandou o filho buscar um espelho . Entregou ao morto para que ele visse a sua cara de cadáver. - É... Estou abatido. Deve se

História - O PÁSSARO DO POENTE

Era uma vez um jovem camponês que vivia num país onde o inverno era rigoroso. Numa manhã onde a neve caia e caia, ele observava a paisagem da janela de sua casa. Quando os flocos pararam de cair por um instante, ele saiu caminhando e viu um movimento que lhe chamou a atenção. Ao aproximar-se, viu que era uma cegonha e estava machucada, atingida por uma flecha. De coração generoso, resolveu ajuda-la, retirando a flecha e fazendo um curativo em sua asa. Os olhos da cegonha mostraram imensa gratidão. Levantou voo e foi-se distanciando até que o jovem a viu desaparecer atrás das montanhas. Dias depois, bateram em sua porta. Ao abrir, estava diante da casa uma moça de quimono branco, quase se misturando à neve e um manto vermelho protegendo o rosto. A moça disse que estava indo para a próxima aldeia mas acabou se perdendo no caminho. Perguntou se poderia ficar ali por uma noite. O frio lá fora era imenso. O camponês apressou-se em coloca-la para dentro. Sugeriu que ela se