Pular para o conteúdo principal

História - RAPUNZEL- Irmãos Grimm

Era uma vez um casal que desejava muito ter um filho.
O tempo passava e mesmo após anos estando juntos a mulher não engravidava. Até que um dia ela ficou muito feliz ao notar que estava tendo estranhos e diferentes desejos. Finalmente estava esperando um bebê!
O marido passou a receber pedidos no meio da madrugada e sempre os atendia, até o dia em que a mulher pediu para comer rapunzel.
Naquele lugar onde moravam, as pessoas plantavam hortas em casa e havia uma verdura difícil de ser cultivada, chamada rapunzel.
A única horta onde era possível encontrar rapunzel era na casa de uma vizinha do casal, uma mulher muito mau encarada, misteriosa, que só saia de noite. Todos diziam que ela era uma bruxa.
A mulher viu a horta da bruxa pela sua pequena janela e desde então só pensava em comer rapunzel.
Quando o marido ouviu o pedido da esposa, respondeu que seria melhor ela ter outro desejo, porque este ele não podia atender. Pedir a verdura para aquela bruxa era muito perigoso.
Mas com o passar dos dias, a mulher foi ficando fraca. Nada que lhe traziam para comer ela aceitava. Só queria rapunzel.
Vendo a mulher tão magra e pálida, começou a pensar que poderiam perder o bebê, e assim, criou coragem e quando a noite chegou, pulou a cerca e apanhou algumas folhas da verdura fresquinha.
Levou para a esposa que comeu tudo, deliciando-se.
Mas, no dia seguinte, ela queria mais!
O marido esperou anoitecer e fez exatamente como na noite anterior. Só, que desta vez, assim que pulou a cerca, deu de cara com a bruxa, que já o esperava!
- Então é você que está roubando meu rapunzel? Vai pagar caro por isso!
O homem tentou explicar e a resposta da bruxa não poderia ter sido pior:
- Está bem. Eu lhe dou o rapunzel,  mas em troca, quando sua filha que vai nascer completar quinze anos, você terá que entrega-la para mim.
Ele achou que seria melhor aceitar o acordo pois se não o fizesse, talvez o bebê nem chegasse a nascer.
E foi assim, que quando aquela linda menina com pose de princesa nasceu, recebeu o nome de Rapunzel, em homenagem à verdura que salvou a vida de sua mãe.
O tempo passou, e quando completou quinze anos, exatamente no dia do aniversário, a bruxa apareceu para cobrar o acordo.
Levou a linda menina.
Deixou que seus cabelos crescessem ao pondo de conseguir fazer uma trança com ele, bem comprida, como se fosse uma corda.
Prendeu Rapunzel no meio de uma floresta em uma torre muito alta, sem porta de entrada, apenas com uma pequena janela por onde entrava e saia.
Quando queria ver a moça, gritava:
- Rapunzel, jogue-me suas tranças.
A moça jogava as tranças, ela subia, ali ficava um pouco e depois descia.
Rapunzel cantava. E seu canto era tão lindo, que podia ser confundido com o mais belo canto de pássaro da floresta.
Numa tarde, passava por ali um príncipe que ouviu aquele canto e foi por ele atraído.
Procurando de onde vinha aquela canção, avistou a bruxa aproximar-se e gritar para que Rapunzel jogasse suas tranças.
Quando a bruxa foi embora, ele próprio chegou até em baixo da janela e gritou:
- Rapunzel, jogue-me suas tranças.
Ele subiu, e quando a moça avistou-o, levou um grande susto:
- Mas você não é a bruxa!!!
- Não, sou um príncipe, mas não se assuste, fui atraído pelo seu lindo canto...
E assim, ele passou a visita-la todas as tardes.
Mas, um dia, a bruxa, passando por ali fora do horário de custume, viu o príncipe subindo no alto da torre! Ficou furiosa.
Quando ele foi embora, ela subiu na torre, cortou as tranças de Rapunzel, e levou-a para um deserto onde ficou abandonada à própria sorte.
O príncipe, sem saber de nada, foi visitar sua amada e logo a bruxa jogou as tranças para que ele subisse.
Ao chegar lá no alto, deu de cara com a bruxa, que sem dó, soltou as tranças e o príncipe caiu.
Não morreu, mas seus olhos caíram em uma planta cheia de espinhos e ele ficou cego.
Saiu vagando, sem rumo e andou por um ano, sempre com a esperança de reencontrar Rapunzel.
Andou tanto, que acabou chegando naquele deserto onde a bruxa havia deixado a moça.
De repente, começou a ouvir um canto que lhe pareceu familiar.
Foi andando em sua direção e...
Sim, era ela mesma! Rapunzel estava ali.
Quando ela soube o que havia acontecido com seus olhos, começou a chorar.
Suas lágrimas de amor caíram sobre os olhos do príncipe que no mesmo instante voltou a enxergar!
Assim, ele pode ver sua amada e os dois filhos gêmeos dos quais ela estava cuidando sozinha, com muito sacrifício.
Casaram-se e foram muito felizes.
 
 
Esta história minha mãe me contava antes de dormir. Lembro que era uma das minhas preferidas e muitas vezes, quando eu a pedia, ela dizia "Ai, Rapunzel não.. é muito comprida!". E  dormia antes de mim, e antes de acabar a história... Mas que lembrança terna! É um conto de fadas colhido pelos Irmãos Jacob e Wilhelm Grimm por volta dos anos 1800. Isto foi seu registro escrito. Mas oralmente, ela já existia há muito mais tempo. Esta é a magia das histórias. Passar através dos séculos. Quando nós não estivermos mais aqui, elas ainda estarão... Conte esta história e faça parte desta riqueza que é a cultura oral. Deixe isto para seus filhos. É a nossa dica.
 
 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

História - DONA BARATINHA

Era uma vez uma baratinha que estava varrendo a casa e encontrou uma moeda. Achou que estava rica e já podia se casar. Arrumou-se toda, colocou uma fita no cabelo e foi para a janela. A quem pass ava ela perguntava: - Quem quer casar com a Dona Baratinha que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha? O primeiro bicho que passou foi o boi, que respondeu: - EU QUERO! Dona Baratinha perguntou: - E como é que você faz de noite? O boi respondeu: - MUUUUUUUU! Ela disse: - Ai não, muito barulho, assim eu não durmo, pode ir embora. E o boi foi embora. Em seguida veio passando o cavalo e Dona Baratinha perguntou: - Quem quer casar com Dona Baratinha que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha? O cavalo respondeu: - EU QUERO! Dona Baratinha perguntou: - E como é que você faz de noite? O cavalo respondeu: - IIIIIIIRRRRRIIIIII! Ela disse: - Ai não, muito barulho, assim eu não durmo, pode ir embora. E o cavalo foi embora. Foi passando então o carneiro e Dona Baratinha

História - O URUBU E A RAPOSA

O Urubu estava no ar, peneirando, e avistou uma carniça de boi. Imediatamente, desceu e começou a saborear aquele petisco delicioso. No mesmo instante, desabou uma pesada chuva que deixou o urubu todo ensopado, e com as asas encharcadas, não podia mais voar. A raposa, que estava por ali à espreita, aproximou-se dele dizendo: - Amigo urubu, vou lhe comer! Vendo-se perdido, o urubu tinha de ser mais esperto que a raposa. Então, fez a seguinte proposta: - Amiga raposa, você não sabe que urubu molhado faz mal? Você tem que me soprar até me deixar sequinho; só então poderá me comer. A raposa acreditou! E começou a soprar as penas do urubu; e soprou e soprou por mais de uma hora. Quando parava para recuperar o fôlego, perguntava: - Já está seco, compadre urubu? - Ainda não, amiga raposa. Sopre mais um pouco. A raposa recomeçou a soprar, sempre repetindo a mesma pergunta e ouvindo a mesma resposta. Quando o urubu pressentiu que poderia escapar, correu começou a bate

A Festa no céu

Num tempo em que os animais falavam, correu uma notícia entre os bichos de que ia acontecer uma Festa no Céu! Toda a bicharada ficou animada! Festa!? Oba! Que beleza! E no céu ainda! Ah! Todos queriam ir é claro! Mas, no meio daquele falatório todo, apareceu um beija-flor com uma novidade: - Só poderia ir na festa, bicho que soubesse voar! - O quê? - falou o macaco - Como assim? - resmungou a raposa E todos os que não sabiam voar ficaram muito zangados e chateados... Menos o sapo. É que o sapo já tinha tido uma bela idéia para conseguir chegar à festa: O urubu era o músico do pedaço. Não sabia cantar mas tocava uma viola como ninguém! Pois bem, no dia da festa, o sapo, aproveitando um momento de distração do urubu, entrou pelo buraco e se escondeu dentro da sua viola. O urubu passou a mão na viola e foi voando pra tão esperada noite! Chegando lá, colocou a viola num canto e foi cumprimentar os amigos, tomar uma bebida antes de começar a tocar. Nesta ho

História - ASTÚCIAS DO JABUTI

No tempo em que os animais falavam, estava um dia o jabuti limpando tranquilamente sua flauta. A onça saiu à caça e ia andando bem devagar ... uma pata aqui, outra ali ...  O vento trouxe um cheiro de capivara. A onça ergueu o nariz... - Huuummm... Hummmm... - mas logo o vento passou e levou embora o cheiro bom de caça. Ela continuou caminhando. De repente ouviu: - Fim... Fim... finfinfim... A onça parou . Ergueu as orelhas... "Que será isso? Parece que alguém está tocando flauta..." A seguir, ouviu cantar: - Do osso da onça fiz minha flauta... Fim..Fim... finfinfim... Quem se atreveria a cantar daquela maneira? Era provocação! A onça foi à procura de quem cantava e alguns metros adiante deu com o jabuti tocando uma flauta de osso: - Fim... Fim... finfinfim... Para não assustar o jabuti, a onça aproximou-se mansamente e falou: - Como você toca bem! Como era mesmo a letra da cantiga? O jabuti percebeu que a onça ouvira as palavras da música e só que