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BiblioTenda

 

A palavra Biblioteca vem do grego biblíon, livro, e theke, cuidado e também caixa, depósito. Formou-se assim bibliotheke, passando ao latim biblioteca e daí ao francês bibliothèque e ao português biblioteca, designando o lugar onde são guardados livros e documentos.
A partir desta pequena informação, podemos relacionar o espaço da biblioteca com sua história, e refletir um pouco sobre a relação que houve até hoje entre esta e o leitor.
Na Antiguidade, o acesso era restrito e a poucos era permitido fazer uso de seus acervos.
As bibliotecas medievais não se distanciavam muito da forma como eram compreendidas na Antiguidade. Ambas apresentavam o interesse no armazenamento de documentos e no impedimento da circulação dos mesmos, além de ser espaços de poder e sua existência agregava o status dos governantes das regiões onde elas existiam. 
O livro era entendido como um objeto sagrado, que deveria ser tocado apenas por iniciados, capazes de trabalhar com eles da maneira que entendiam ser a correta; por isso, na Idade Média a quase totalidade de leitores era formada por religiosos, e a leitura era tida como "alimento espiritual dos monges". Sabe-se que, de de acordo com seu valor, alguns livros - copiados a mão e ricamente ornamentados - chegavam a ficar presos às estantes por correntes com comprimento suficiente apenas para serem levados até as mesas de leitura.
Existiam também as bibliotecas particulares, isto é, aquelas mantidas por senhores abastados, incluindo imperadores e reis, muitas destas contando com mais de cem mil exemplares.
Dando um salto para o nosso século, temos ainda o livro como um objeto de luxo, caro e acessível apenas a uma pequena parte da população. A criação das bibliotecas públicas como forma de democratizar este acesso tem feito seu papel, mas a biblioteca ainda é entendida por grande parte das pessoas como local para pesquisa e estudo, e não como uma possibilidade de espaço que propicie acesso à literatura como arte a ser apreciada e experimentada.
Assim, os livros "dormem" nas prateleiras. Bem cuidados, devidamente catalogados, pouco manuseados, permanecem dentro de uma grande caixa, se não houver a indispensável mediação humana entre as pessoas e as obras.

A palavra Tenda, tem origem no latim tendere, que significa estender, esticar, estirar, que é o que se faz com a lona quando se vai montar um abrigo deste tipo.

A finalidade de uma Tenda é ser uma pequena casa portátil, um lugar de descanso e encontro, que proporciona proteção durante as intempéries e abriga as pessoas.
       
Assim nasce a ideia da BiblioTenda: estender a literatura às pessoas, ao mesmo tempo que se cria este lugar de encontros, descanso e proteção em meio às turbulências da vida moderna.
A Tenda aparece nas mais variadas culturas, tais como assírios, egípcios, persas, gregos e romanos. Nas culturas urbanas,  sempre foram empregadas em atividades temporárias, como as campanhas militares, os circos, as festas.
Surge aí também, o aspecto transitório e móvel desta casa. Ela permanece por um tempo, até que tenha cumprido sua função naquele lugar, partindo em seguida para outro e outro.
Praticamente todos os povos nômades das regiões áridas e estépicas do mundo fizeram, e fazem, uso de tendas como moradias. A vida do nômade, que constantemente tinha de montar e desmontar sua tenda, exigia a ajuda de outros. E este pode ser descrito como o ponto primordial desta BiblioTenda, a criação de laços. Da mesma forma como não se pode erguer uma tenda sozinho, esta proposta só se realiza quando as pessoas se unem, privilegiando a relação humana.
Como já disse Geneviève Patte, criadora de "La petite bibliothéque ronde", em Clamart (França):
"Pequena porque small is beaultiful, porque a leitura não é assunto de massas e de multidão, porque ela é mais bem vivida na intimidade e na confiança da relação, em pequenos grupos informais ou face a face, e porque essa abordagem é desejável e possível em toda parte"

Veja algumas imagens de como tem sido este trabalho em São Paulo.

     Sesc Pinheiros - Novembro 2018


    Sesc Jundiaí - Dezembro 2018



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Comentários

  1. Muito agregadora essa idéia! Assim como na antiguidade em que os povos desfavorecidos não tinham acesso a leitura eu também passei minha infância até os 7 anos sem ter contato nenhum com livros, e depois até os 10 vendo somente os livros didáticos e só a partir dos 11 conheci os livros literários e desde então sou apaixonada!

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